segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Memórias de Lugares Onde Nunca Estive

O artigo publicado pertence a Armando Pastore Mendes Ribeiro, que é sócio da empresa Pensare Consultoria (Brasil) - http://www.pensareweb.com.br/

Não se preocupem os mais céticos e pragmáticos – ainda não é desta vez que enlouqueci totalmente. Vamos conversar sobre inteligência emocional.
A emoção é a cola da memória, frase que ouvi de um amigo Leonardo Bueno e que me persegue há alguns anos. Faço muito mais e melhor quando cada ação está recheada por alguma emoção.


Lembro-me melhor das situações e dos momentos cuja emoção foi forte ou de significado especial. Esse é, em minha opinião, o princípio básico da inteligência emocional. Basta de novos conceitos mirabolantes, estratosféricos e complexos.


Inteligência emocional é usar a razão e a emoção num quase equilíbrio perfeito. Somos capazes de nos emocionar também com algo que provavelmente nunca irá nos acontecer e aprender o “como fazer”. Um exemplo bem próximo para os europeus é o recente concurso “British Got Talent” vencido pelo Paul Potts.


Quem não se emocionou ao ver que um simples vendedor de telefones móveis pudesse vencer com sua voz maravilhosa cantando trechos de óperas e ainda assim manter a humildade? Quem o assistiu, pode ver que o processo de autoconfiança estava recheado de uma emoção poderosa que o impelia a não apenas cantar certo, mas, ao fazê-lo, colocar emoção em cada nota. Esse foi o seu diferencial. Cada nota emitida por sua voz estava recheada de autoconfiança. Sim eu estava lá por alguns minutos. Visualizei e observei cada rosto que a câmera focalizava. Percebi no olhar das pessoas e dos jurados um misto de satisfação e perplexidade.


Como um talento daqueles estava a vender telefones móveis escondido lá no sul de Gales?Sim tenho uma memória desse lugar onde nunca estive e provavelmente nunca estarei. Cada nota da voz do jovem Paul Potts me inundou da certeza de que o que estou fazendo hoje é o certo e é o que me leva a aproximar razão e emoção numa quase sintonia. Esta semana faleceu no Brasil o melhor ator das últimas décadas - Paulo Autran -.


Tive a oportunidade de assisti-lo em várias peças, entretanto marcou-me sua interpretação em o Avarento de Moliére. Fazia-o como se acreditando estar ali, séculos atrás, levava-me assim como toda platéia, a gostar daquele personagem e ao final aplaudi-lo de pé.



Sim, outra vez minha memória volta aos séculos e aprende com o personagem os meandros da mesquinharia e da avareza. Sutil mesquinharia, inteligente avareza. Nunca estarei lá, mas minha inteligência emocional é capaz de guardar em minhas memórias pequenos trechos daquela época da história. Inteligência emocional é capacidade de usar suas emoções para realizar ações. “È o querer fazer com o melhor do seu ser”.


Aí nesse momento posso ser um viajante interplanetário, ir a Praça Vermelha, comer um doce em Coimbra, olhar o oceano Pacífico, tomar uma cerveja no Rio de Janeiro, cantar uma ária de Puccini em Milão, visitar a estátua da Liberdade, ver o pôr do sol na Antártica sem sair de casa, basta sentir, se emocionar e ter a certeza que amanhã minhas ações estarão impregnadas de emoções positivas. Estou usando as minhas inteligências – a inteligência emocional.


Posso e devo construir memórias dos lugares onde estive, das ações que realizei, dos sonhos que não concretizei e dos lugares que jamais visitei. Está aqui num pedaço de meu corpo chamado cérebro cada nuance do sonhar e do realizar. Isso é inteligência emocional.

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